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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Casa Cor 2012




Marcelo Lima – O Estado de S.Paulo

No fim dos anos 90, o historiador inglês Ted Polhemus, no livro Streetstyle: from sidewalk to catwalk (Moda de rua: da calçada para a passarela), cunhou a expressão “supermercado de estilos” para caracterizar o que ele dizia ver circulando nas ruas das grandes metrópoles contemporâneas. Uma enorme miscelânea fashion e existencial, na qual todo o passado da moda podia ser acessado (e, ironicamente, adquirido como latas de sopas) ao sabor do desejo – e das fantasias – de cada um. Para o mundo da moda, parecia ter sido decretado o fim da ditadura dos estilos.
Passada pouco mais de uma década, eis que a Casa Cor, maior mostra de arquitetura de interiores do País, se propõe a discutir o papel da moda, do estilo e da tecnologia, tendo como pano de fundo a criação dos espaços residenciais contemporâneos. E, como que por confirmar a teoria proposta por Polhemus, acaba por produzir aquela que é, provavelmente, a mais eclética seleção já apresentada pelo evento.
Goste-se ou não do resultado, fato é que existe de tudo um pouco nos cerca de 70 ambientes em exposição no Jockey Club paulistano a partir de terça-feira (29/5). Incluindo homenagens pessoais na forma de ambientes, um espaço exclusivo assinado pelo designer alemão Ingo Maurer, a exposição conceitual Casa Talento Fashion, além da tradicional Casa Hotel (a Casa Kids, que completava o trio de mostras, foi suprimida). Todos com um único objetivo: demonstrar a atração fatal entre moda e design experimentada nos dias de hoje.
“A moda está presente no dia a dia dos profissionais que trabalham com interiores. Estampas, texturas e cores saem das passarelas e acabam quase imediatamente influenciando a imaginação de arquitetos e decoradores. Não poderíamos ficar alheios a essa realidade”, declara o empresário Angelo Derenze, atual presidente da Casa Cor, para quem a edição 2012 é reflexo de um momento de aceleradas transformações nos dois setores.
“É importante notar que nos últimos anos, nomes do mundo fashion têm lançado produtos e coleções para casa. O momento é de reforçar os laços entre as duas áreas criativas”, afirma Derenze, que destaca ainda a sensível veiculação da tecnologia com os dois ramos da criação. E, consequentemente, com as inovações propostas pelos profissionais em seus espaços, apesar de eles nem sempre serem perceptíveis para os visitantes da mostra.
Como acontece, por exemplo, com a automação residencial – um recurso presente em nove entre dez ambientes do edifício principal e também de seus anexos. Entre eles, uma casa de campo completa e diversas unidades residenciais autônomas, como lofts, estúdios e pequenos apartamentos. Sem esquecer dos tradicionais living, dormitórios, adega, biblioteca, cozinhas gourmet e salas de todos os tipos e tamanhos, além do já quase clássico spa doméstico.
“Meus espaços foram feitos para serem usados e não para mostrar para as visitas. Este projeto não foge à regra”, afirma o arquiteto baiano David Bastos, autor do Concept Hall: um grande spa construído a céu aberto em parceria com a fabricante de louças sanitárias Deca, que surpreende por sua versatilidade e despojamento. Uma atitude exercitada, felizmente, pela maioria dos profissionais iniciantes presentes ao evento.
“A tecnologia esta aí para viabilizar as soluções. Cabe a nós propormos as ideias”, declara a jovem arquiteta Francisca Reis, que não viu maiores inconvenientes em integrar um carro ao desenho de um apartamento concebido para um casal sofisticado que gosta de arte. “Tudo é uma questão de projeto. A multiplicidade de recursos torna possível hoje a convivência das mais diversas funções sob um mesmo teto”, pontua ela.
“Diria que esta edição está muito colorida, menos preocupada em obedecer a regras preestabelecidas”, afirma a promotora Cristina Ferraz, organizadora veterana da Casa Cor, que vê com bons olhos a diversidade reinante na mostra atual, onde, não raro, um mesmo ambiente se propõe a transitar entre os mais diversos estilos. Com maior ou menor propriedade, diga-se de passagem.
Segundo Cristina, raros são os profissionais que insistiram por exemplo, na sobriedade desgastada da dupla branco e bege. Ou que se deixaram levar pelo rigor espartano do branco e preto. “Eles parecem usar cores e imagens como forma de reafirmar sua marca pessoal. Como acontece na moda, nem sempre se acerta, claro. Mas o que vale é continuar experimentando”, conclui.
A Casa Cor estará aberta até 22/7, das 12h às 21h30, de terça-feira a sábado, e das 12 às 20 horas, aos domingos e feriados. O ingresso custa R$ 39 de terça a sexta-feira e R$ 45 aos sábados, domingos e feriados. Mais informações: Casa Cor.

Fonte: Estadão


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